quarta-feira, 13 de maio de 2009

Escassez de desânimo



Homens de camisa por todos os lados. Sentados. Em pé. Comendo. Andando. Falando. Fumando.
Em alemão, inglês, francês, português. Poucas são as mulheres. Business. Executivos. Propondo estratégias, pensando alternativas, manejando divisas. E surgem seis homens de branco vestidos como aiatolás e uma mulher de preto. Coberta. No salão do hotel. Todos usam sandálias de couro. Quem são eles? Executivos do petróleo? Há tanto por aqui. Passam por mim. Sentam juntos. Não os vejo mais. Eu aqui me vejo, conduzo os dias muito diverso. Meu papel é outro. Educar, treinar, formar, estimular, permitir, são os verbos mais apropriados. No lobby deste hotel sou o outro lado.
Aqui, no hoje chamado "el dorado" do mundo, o excesso de carros, a escassez de cloro, o excesso de gringos ávidos e sua ganância, a escassez de goles, o excesso de vontade de vencer e sobreviver, a escassez de desânimo. Pela janela do carro com AC (ar condicionado) vejo os olhos de meus compatriotas ao sul do Equador, o mesmo sul daquele Equador. Nossa diferença: água salgada. Cloreto de sódio, uns 30g/l. Que rachou a terra. Emigrou os sonhos. Elipsou as módicas mesquinharias. Uniu os olhares.

3 comentários:

  1. ... pensando aqui com meus botões...
    voltará deste continente sendo algo mais continente ainda...
    cheiros...

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  2. AAAAAHHHHH!
    Que bonito!
    Que papel bonito!
    beijos da Maria

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  3. Eu me orgulho tanto desse cara...

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